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mac
2 min readAug 22, 2020

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Como um prisioneiro amarrado de cabeça pra baixo prestes a ser jogado aos tigres, eu comecei a achar graça nos angulos das paredes em volta de mim. Você não pode parar de rir se continuar caindo, então toda segunda feira eu ligo pra terça, que liga pra quarta que pede pro chão ficar uma semana mais longe. Na semana seguinte eu faço a mesma coisa. Resposabilidade só existe pra quem não sabe evitar pontos finais

Eu subo em uma caixa de papelão e grito o que eu quero no centro da cidade. As pessoas movem como os carros, e os prédios se erguem de forma meio obcena. A cidade é muito grande, mas eu ainda sou uma das pessoas nela, até onde eu sei. Eu começo a contar as outras em volta de mim, e acho graça nos sapatos dela. Hahah … :-( Cada um tem seu par, e ninguém olha no olho de ninguém. Entre os dias que eu recebo o salário, tudo o que eu faço é dissociar. Já tem alguns anos que eu não sei mais com o que eu estou trabalhando, e a única coisa escrita no meu diário são reticencias (…). O combustível é café. Café e gasolina, café pra gente, gasolina pra máquina. As máquinas imprimem o dinheiro, que a gente usa pra comprar café. A gente põe gasolina na máquina. Ela imprime mais dinheiro. A gente come o dinheiro. Parece mágica! Mas não é. Esse tipo de coisa não existe de verdade. É melhor você crescer logo. Ninguém ta achando isso bonito. Mágica não existe, só existe máquina.

A máquina come a gente.

Na pausa do serviço dois empregados? se encontram ao lado da máquina de café. Eles não sabem, mas se conhecem há muito tempo. Eles se encontram todo dia nessa mesma hora, há anos…. e nenhum deles notou até agora. Até agora! Um deles olha pro outro e pergunta. “Se a cidade ficasse de cabeça pra baixo… assim, do nada mesmo. O que você faria?”. O outro dá um gole de café e responde … que pularia da janela. Eles dão boas risadas. Um deles pula da janela.

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Written by mac

o universo observável troca de pele e vira ao avesso

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